Solidão, porque nós precisamos falar sobre isso!

Numa meta-análise de estudos sobre a solidão, os pesquisadores Julianne Holt-Lunstad, Timothy B. Smith e J. Bradley Layton descobriram o seguinte:

  • poluição do ar aumenta em 5% nossas chances de morte precoce
  • obesidade > 20%
  • álcool > 30%
  • solidão > 45%

A solidão não é uma doença, mas é considerada fator de risco para várias outras. Segundo o psiquiatra Robert Waldinger, em sua palestra no TED em 2017, “boas conexões sociais são um fator protetor da saúde, enquanto a solidão e as relações tóxicas encurtam o tempo e a qualidade de vida”.

Como membros de uma espécie social, devemos nossa força e sobrevivência não ao individualismo bruto, mas à nossa capacidade de planejar, comunicar e trabalhar com o outro. Nossa constituição neuronal, hormonal e genética foram moldadas para privilegiar mais a interdependência do que a independência.

A sede nos adverte que precisamos beber água para não desidratar. A solidão nos diz que precisamos de conexão social, algo tão crítico para nosso bem-estar e sobrevivência quanto a água e comida. Não negamos a água mas, muitas vezes, negamos nossa solidão.

Vivemos um paradoxo: nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, tão sozinhos. A forte polarização e o medo constante (de contaminação, da violência, de perder o emprego) têm levado as pessoas a se recolher cada vez mais, paralisando as relações e aumentando a distância entre nós.

O estudo Percepções dos Impactos da Covid-19, do Instituto Ipsos, ouviu participantes em 28 países, e o Brasil foi o local onde as pessoas mais disseram se sentir solitárias:

50% das que responderam à pesquisa têm esse sentimento.

Por isso nós precisamos falar sobre solidão!

Ter nossos momentos sozinhos e curtir nossa própria companhia é importante e saudável. Isso é bastante diferente de sentir solidão. É importante distinguir entre o isolamento físico (que é, objetivamente, o que vivenciamos na pandemia) e o isolamento afetivo (que traz a sensação de estar solitário).

A solidão tem a ver com desamparo, com a sensação de não pertencimento, de não ser importante para ninguém e de não ter com quem contar”, diz Elson Asevedo, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo. Temos vergonha de nos sentirmos sozinhos, como se a solidão indicasse que há algo errado conosco. Quando nos sentimos isolados, desconectados e solitários, tentamos nos proteger, o que resulta em menos empatia, mais defensividade, mais inércia e menos bem-estar.

A falta de relacionamentos significativos é a principal causa da solidão. Por isso é tão importante cultivar relacionamentos saudáveis e conexões que vão além da superficialidade. Ter nossa rede de apoio e fazer parte de comunidades que gerem pertencimento passa a ser fundamental não só para nosso bem-estar como para nossa sobrevivência e longevidade.

Você sabia que a solidão era um sentimento que estava tão presente nas pessoas?

Para saber +:

Core Skills: 10 habilidades essenciais para um mundo em transformação escrito em 2020 (Alex Bretas, Alexandre Santille, Conrado Schlochauer e Tonia Casarin).

A coragem de ser imperfeito (Brené Brown).

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