Solidão: como lidar com esse sentimento?

Um estudo recente — realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, da Universidade de Stanford, da Universidade de Curtin e da Universidade da Austrália Ocidental — sugere que o uso de estratégias para regular as emoções impactam no sentimento de solidão das pessoas. A pesquisa foi publicada na edição de outubro/2021 da Revista Personalidade e Diferenças Individuais.

O que significa sentir-se sozinho? 

Solidão significa experimentar emoções consideradas negativas (como ansiedade, tristeza, angústia) devido ao isolamento social percebido (não necessariamente ligado ao isolamento físico) e a falta de intimidade e relacionamentos próximos. 

Sentir-se sozinho não é o mesmo que estar sozinho. Pode-se estar sozinho e não se sentir sozinho, e alguém pode estar em uma multidão e ainda sim se sentir sozinho.

Sentir solidão é experimentar uma sensação de estar dolorosamente desconectado, deixado de fora e isolado, sem ter ninguém para recorrer para apoio emocional e social. Pessoas solitárias muitas vezes acreditam que ninguém entende ou compartilha suas preocupações, que ninguém realmente as conhece ou mesmo se importa em conhecê-las.

O estudo Percepções dos Impactos da Covid-19, do Instituto Ipsos, ouviu participantes em 28 países, e o Brasil foi o local onde as pessoas mais disseram se sentir solitárias: 50% das que responderam à pesquisa relataram ter esse sentimento.

A solidão não é uma doença, mas é considerada fator de risco para várias outras. Ela aumenta em 45% nossas chances de morte precoce, segundo um estudo conduzido pelos pesquisadores Julianne Holt-Lunstad, Timothy B. Smith e J. Bradley Layton. 

O psiquiatra Robert Waldinger, em sua palestra no TED em 2017, defende que “boas conexões sociais são um fator protetor da saúde, enquanto a solidão e as relações tóxicas encurtam o tempo e a qualidade de vida”.

Muitas pessoas que se sentem solitárias desejam fazer amigos, mas se sentem incapazes de fazê-lo. Esse fato pode estar relacionado a baixa confiança, falta de tempo, introversão, falta de habilidades sociais, medos de rejeição, entre outros.

Pesquisadores analisaram uma amostra de 501 americanos e descobriram que há um fator importante relacionado a solidão: 

→ as estratégias que cada pessoa utiliza para regular suas emoções.

Indivíduos com altos níveis de solidão tendem a esconder seus sentimentos e suprimir sua expressão emocional (uma estratégia chamada supressão expressiva). Além disso, tendiam a não buscar apoio social e a rejeitar o apoio social oferecido.

Há um paradoxo nesse comportamento:

pessoas que sentem solidão > anseiam por conexão social para suprir suas necessidades interpessoais não atendidas > mas quando sentem emoções negativas > suprimem sua expressão > evitam contato social > o que aumenta o isolamento social. 

Os resultados da pesquisa apontam que as pessoas “mais solitárias” mostraram maior tendência a usar estratégias de regulação de emoções mal adaptativas, tais como:

  • Atribuição de culpa: Respondendo a uma experiência desagradável, culpando a si mesmo ou responsabilizando os outros.
  • Catastrófico: Focando e enfatizando demasiadamente os aspectos negativos de uma situação.
  • Supressão expressiva: Escondendo os sentimentos e impedindo a expressão da emoção (ou seja, fazendo “cara de paisagem”).
  • Rejeição/retirada: Evitar situações sociais como uma maneira de lidar com emoções desconfortáveis.
  • Ruminação: Remoer os sentimentos ou pensamentos relacionados a eventos infelizes.

Além disso, essas pessoas eram menos propensas a usar a estratégia de reavaliação cognitiva, que é o que chamamos de “ressignificar”, dar um significado positivo ou de aprendizagem a um evento estressante ou doloroso. 

Esse post é um lembrete ao Janeiro Branco: mês da Saúde Mental.

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